“O
exemplo veio de casa”
| Rita Cássia Conti |
Para Rita Cássia Conti – que veio do Rio
Grande do Sul para participar do desenvolvimento de Brusque na década de 1990 –
o sucesso de um empreendimento é a junção de dois elementos fundamentais: o estudo
e a prática.
– Um empreendedor tem que ter mente aberta
para trabalhar com as adversidades e fazer com que a empresa evolua. O suporte
intelectual ajuda muito!
Ela trata deste tema com propriedade porque
foi assim a sua trajetória profissional. Nascida de uma família humilde
estabelecida em Canoas, então uma cidade-dormitório
da região metropolitana de Porto Alegre –, filha de pai operário, motorista de
caminhão que fazia a distribuição de produtos secos e molhados, e de mãe
professora alfabetizadora, apaixonada pela profissão.
Quando ela nasceu, o casal passava por
muitas dificuldades financeiras.
Rita deixou a casa dos pais aos 15 anos e
foi para Porto Alegre trabalhar e estudar. De casa, ela levou a maior das
lições:
– Meu pai nos ensinou a generosidade!
Estudava marketing na PUC – Pontifícia
Universidade Católica – e trabalhava para pagar seus estudos. O dinheiro nem
sempre era suficiente para custear a faculdade, e para chegar era preciso pegar
quatro ônibus. A solução encontrada foi procurar ter uma renda extra, fazendo pão
de queijo e brigadeiro para vender.
DE
PUBLICITÁRIA A VENDEDORA
Rita Cássia foi contratada para implantar o
departamento de publicidade e propaganda na empresa Calçados Bibi. Mas, a crise
econômica do final da década de 1980 e o consequente confisco por parte do
governo federal, obrigou a empresa a tomar decisões drásticas. Foram demitidos
1,5 mil funcionários, e o departamento de publicidade e propaganda foi fechado.
Ao mesmo tempo, Rita Cássia foi convidada a
integrar o departamento de vendas, o que trouxe a ela a independência
financeira tão sonhada. Trouxe para o setor de vendas as ideias que tinha no
departamento de publicidade e propaganda para ajudar a gerar mais negócios.
Funcionou!
Passou a gerenciar 72 representantes, o que
a levou a viajar por todo o país. Mas, ela queria fazer ainda mais, teve a
oportunidade de representar a empresa em todo o Rio Grande do Sul. No segundo
mês, comprou seu primeiro carro zero quilômetro!
Porém, sabia que poderia fazer ainda mais
coisas!
Comprou uma loja em Porto Alegre, que
vendia pijamas e lingerie. O empreendimento não deu certo porque ela estava
trabalhando em uma área desconhecida: a venda no varejo.
UM
DIA, BRUSQUE!
Sem capital de giro, precisou tomar
decisões estratégicas.
Foi quando ouviu falar das empresas que
trabalhavam com pronta entrega de confecções em Brusque – cujas alternativas
certamente ficariam bem nas prateleiras de sua loja.
– Vim e achei que a cidade tinha um potencial
muito bacana, tinha produtos de qualidade...
Ela sempre disse que jamais teria uma
fábrica!
No entanto, depois da visita a Brusque,
começou a rever alguns conceitos... Concluiu que, caso fosse focar sua
atividade no setor têxtil, teria que se transferir para Brusque.
Aos poucos, a ideia foi amadurecendo.
Era preciso vender a loja, antes de se
transferir.
Assim, permaneceu algum tempo fazendo a
ligação entre Porto Alegre e Brusque. Rodava 1,2 mil quilômetros semanalmente, na
companhia de sua cachorrinha Bani, com quem ia conversando durante o trajeto. Este era seu compromisso
profissional, uma vez por semana.
– Meu espírito aventureiro veio comigo para
meu empreendimento.
A
TRANSFERÊNCIA PARA BRUSQUE
Ao se transferir para Brusque, implantou na
cidade a marca Intimamente, especializada na produção de pijamas. Do Rio Grande
do Sul, importou a mão de obra de
dois irmãos, Patrícia e Jeferson. Sua participação nesta empresa terminou
quando também terminou seu casamento.
Depois da separação, começou tudo de novo:
– Pensei empreender em outras áreas. Mas durante
dois meses recebi vários telefonemas de clientes pedindo que eu criasse novas
linhas de pijamas... Foi quando decidi montar a Mensageiro dos Sonhos.
Porém, antes de empreender, ela decidiu
planejar cada passo, definir cada meta... Três meses depois das definições
tomadas, a empresa Renner fez uma encomenda de 600 peças, que foram vendidas em
três dias! Depois, vieram outros pedidos da mesma empresa, cada vez maiores: 6
mil, 12 mil, 22 mil peças... até as mais de 200 mil peças/mês produzidas
atualmente em sua fábrica.
E a história continua, em ritmo acelerado –
até hoje!
Texto: Revista Lions Berço
da Fiação
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