“Construí meu tear em casa”
| Antônio Ogliari |
Parte da infância ele
passou em Botuverá, onde nasceu em setembro de 1948. Quando estava com seis
anos de idade, sua família transferiu residência para Brusque – onde ele
frequentou até o quarto ano da escola primária.
Viveu na casa dos pais até
completar 21 anos.
O salário que ganhava como
tecelão ficava com a família. O último salário que recebeu, enquanto solteiro,
ficou com seus pais, para ajudar no equilíbrio das contas da casa. Era um tempo
no qual as cadernetas de crédito funcionavam tanto nas vendinhas do interior
quanto nos mercados da cidade.
O final de semana vinha
sempre acompanhado de boas novas. Era quando Antônio ganhava uns troquinhos
para aproveitar seu dia de folga!
Antônio Ogliari sabia
muito bem o que queria ser na vida: ser mecânico!
Seu pai, que também se
chamava Antônio, bem que tentou convencer o rapaz a buscar outra profissão –
caminhoneiro. E foi além: se prontificou a comprar o primeiro caminhão para o
filho empreender!
Mas não era isso que Antônio
queria fazer. Afinal, convenceu ao pai de que seu futuro estava em uma outra
área. Ele queria trabalhar como mecânico de tecelagem.
Foi na profissão que
escolheu, que Antônio começou a carreira que o trouxe aos dias de hoje, como fundador
de uma das mais bem sucedidas empresas têxteis de Brusque. Sua decisão deu
origem à Tecelagem Atlântica.
O tempo mostrou que sua
visão empreendedora estava certa.
Um dia, seu pai se tornou
um dos colaboradores da pequena empresa que se tornou o atual grupo Atlântica.
O
COMEÇO DE TUDO
A carreira de mecânico de tecelagem foi duradoura para Antônio.
Ele começou trabalhando na Companhia Industrial Schlösser, onde atuou
por 12 anos. Lá, conheceu os segredos do ofício e conviveu com o grupo de operários
que era referência na cidade e na região.
Trabalhador dedicado e decidido a incrementar a renda da família – na
época já estava casado e com filho a caminho –, Antônio Ogliari construiu seu
próprio tear, em casa, com os recursos que conseguiu reunir. Com aquele tear,
no espaço que podia dispor, ele começou seu próprio empreendimento, embora
informal, e se tornou um dos personagens de parte da história da economia
local.
Aquele ficou conhecido como o
período do tapete batido. Era início da década de 1970, a indústria têxtil
passava por modernização. Os teares antigos foram substituídos gradativamente
por máquinas sofisticadas que tinham maior produção e que empregavam um número
cada vez menor de profissionais.
Ogliari foi além da produção do tapete batido.
Ele plantava tomate para vender aos restaurantes.
Comprava retalhos da Companhia Industrial Schlösser para vender.
Enfim, ele se virava!
Embora a Companhia Industrial Schlösser era referência em termos de
tecnologia e mão de obra, Antônio deixou a empresa para trabalhar em outra. Foi
para a Appel, permanecendo como seu colaborador por cinco anos, até chegar à
Tecelagem Rio Branco, onde trabalhou mais de um ano... até que decidiu mudar o
rumo de sua vida!
ERA PRECISO EMPREENDER TRABALHANDO!
Foi durante este período – fins de 1978, início de 1979 – que Antônio
decidiu que era chegada a hora de tomar um novo rumo – uma mudança radical em
sua vida pessoal e em sua carreira profissional. Ele decidiu, em parceria com
Júlio Petermann, se tornar um empreendedor!
Destes esforços conjuntos nasceu a primeira unidade do grupo Atlântica
em 1 de março de 1979.
A pequena indústria estava
apenas começando.
Seis teares trabalhavam no
interior de um galpão de alvenaria, no bairro Rio Branco, nos primeiros tempos.
Maquinário antigo, mão de obra farta para um mecânico de tecelagem como
Antônio!
Porém, para manter a
recém-criada empresa produzindo, ele não poderia largar o emprego na Tecelagem Rio
Branco. Sem outra alternativa, era preciso ficar – como se dizia naquela época
– com um olho no padre e outro na missa!
No intervalo para o café, na Tecelagem Rio
Branco – onde era encarregado geral e ajudava a consertar máquinas –, Ogliari
pulava na sua bicicleta e pedalava rapidinho até a Atlântica, para ver se os
teares estavam trabalhando bem.
Na época, a Atlântica fazia
facção para a empresa Felpudos Fênix. Com o tempo, outras empresas passaram a
contratar seus serviços. Foi um período de desafios para todos – tanto para os
empreendedores quanto para seus clientes – e um tempo de fé para os sócios
Ogliari e Petermann.
Antônio
tinha sempre em mente que era preciso investir na nova empresa sem abrir mão do
emprego e do salário que recebia na indústria! Foi complicado administrar isso
nos primeiros tempos... Era preciso trabalhar para o patrão, colocar o dinheiro
que recebia da Tecelagem Rio Branco na sua própria empresa, e ainda assim não
podia descuidar da casa e da família, que vinha crescendo de acordo com os seus
sonhos!
–
Antigamente, assim como hoje em dia, quem era estudado não tinha coragem de
investir numa empresa, de começar alguma coisa... – destaca Antônio Ogliari. – Quem
tinha que começar alguma coisa, era realmente quem não tinha nada a perder!
Tudo o que ele queria, na
verdade, era ser o mecânico da própria fábrica. Enfrentou muitos obstáculos, e
considera que tudo valeu a pena, pois trouxe para ele e seus colaboradores as experiências
que os fortaleceram. As dificuldades contribuíram para manter acesa a chama da
conquista.
EM
ÉPOCAS DE CRISE, INVESTIA!
Tinha sempre uma conta
aberta para pagar – era para estar motivado a produzir mais e mais!
Tinha sempre uma meta para
atingir – era para se sentir vivo, estimulado, mesmo nos momentos em que tudo
parecia desandar!
Em épocas de crise,
investia! Porque aprendeu que um empreendedor precisa investir em maquinário
para ampliar a sua produção e para diferenciar o seu produto – não importa que
a vizinhança acredite que se trate de um louco no comando de uma fábrica!
Aprendeu a empreender na
prática! Nem por isso deixou de estimular sua família e seus colaboradores a
estudar.
Sempre faz a todos um
alerta:
– Só estudar não adianta,
tem que usar a cabeça! E tem que ter muita vontade de trabalhar!
Ele sabe o que diz porque
pegou uma tecelagem sucateada e a transformou num empreendimento lucrativo!
Hoje, o mecânico Antônio
Ogliari é visto entre os teares, a
passeio.
Ele gosta de acompanhar o dia a dia da empresa, de fazer
suas caminhadas pelo chão da fábrica e de relembrar os primeiros tempos. Nos
quais apenas 2 funcionários ajudavam a construir seu sonho.
Hoje, Juntamente com seus colaboradores e investimentos em
novas tecnologias que impulsionam o desenvolvimento da empresa seu sonho
cresceu e se transformou em quatro unidades que empregam 674 funcionários.
Sim, os tempos mudaram.
Para melhor!
Texto: Revista Lions Berço
da Fiação
Um comentário:
Incrível a história do Sr. Antônio Ogliari. Já é a terceira vez que venho aqui reler. Uma parte que me chama bastante atenção é: Em épocas de crise, investia! Porque aprendeu que um empreendedor precisa investir em maquinário para ampliar a sua produção e para diferenciar o seu produto.
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