“Tive
empresa aos 14 anos!”
| Newton Patrício Crespi |
Tal qual seu pai, Newton Patrício Crespi
começou a trabalhar cedo.
Aos 14 anos, tinha uma empresa –
administrada por duas pessoas de confiança de seu pai. A empresa desenvolveu a
argamassa Certa, o produto ganhou mercado enquanto o jovem empreendedor crescia
e se inteirava de todos os assuntos referentes à produção e comercialização do
produto.
O gosto pelo trabalho e o entusiasmo pelo
empreendedorismo, Cisso herdou do pai. Osmar Grespi, conhecido como Maru,
também começou a trabalhar cedo. De auxiliar do pai João Crespi na marcenaria
da família, instalada no bairro Santa Terezinha, passou a ser seu proprietário
e administrador quando João morreu.
João Crespi pertencia à terceira geração de
uma família europeia de marceneiros e carpinteiros. Uma história que teve
início na Itália e que remonta ao período anterior à colonização de Brusque –
década de 1860.
Foi para esta cidade que seus antepassados
se transferiram ainda no período colonial. Eles formavam um grupo de cinco
irmãos, sendo que dois deles rumaram para São Paulo, os outros três para Santa
Catarina.
Da noite para o dia, Maru passou a ser o homem da casa e, portanto, teve que
auxiliar no sustento da família – formada por sua mãe e dois irmãos menores. O
rapaz não esmoreceu, e aos poucos a família foi reequilibrando suas finanças e
dando continuidade ao legado de João.
Os primeiros meses foram os mais difíceis.
APRENDENDO
COM O PAI
Respondendo pelo sustento da família e pela
continuidade do funcionamento da marcenaria, Maru comprava e vendia madeira, produzia
esquadrias e móveis, fabricava cozinhas... Em geral, a madeira era procedente
das regiões de Botuverá e Vidal Ramos, cidades nas quais a empresa de seu pai também
tinha clientes.
Maru cresceu e se casou, sem nunca deixar
de empreender.
O pequeno Cisso cresceu tendo como
principal referência o seu pai. Um empreendedor que criou uma loja de madeiras
e materiais para construção, em Santa Terezinha, que aos poucos se tornou sinônimo
de bons negócios.
Mais do que simplesmente vender os produtos
que oferecia em sua loja, Maru tirava um tempo também para ouvir o que sua
clientela precisava para melhorar as suas condições de trabalho. Os pedreiros,
por exemplo, enfrentavam o constante descarte de baldes de alumínio – eles
apodreciam facilmente – e dos baldes de plástico – que se rompiam com mais
facilidade, em função do peso da massa.
De vendedor a inventor.
Maru criou soluções simples e inteligentes utilizadas
até hoje na construção civil e no mobiliário:
– Balde de plástico com alça de ferro para
carregar concreto.
– Separador de pisos e azulejos feito de
plástico. Até então, pedreiros usavam palitos de fósforo para separá-los, o que
não garantia um alinhamento perfeito das peças.
– Caixinha de luz com orelhinha de metal.
– Rejunte colorido, evitando a variação de
cor com o uso do pó xadrez.
Demorou pouco para Cisso passar a ser visto
com mais frequência na loja de madeiras e materiais para construção. Aos 9 ou
10 anos de idade, passava uma ou duas horas por dia separando tubos e conexões.
Foi a maneira que seu pai encontrou para que ele fosse aos poucos se integrando
à empresa e conhecendo os produtos e materiais que vendiam.
EMPREENDEDOR
AOS 14 ANOS
Aos 14 anos, Cisso era empresário do setor
de construção civil. A empresa não estava em seu nome, mas foi ela quem
introduziu no mercado a argamassa Certa, no final da década de 1980.
Seu pai contratou duas pessoas para
administrar a nova empresa: Maurílio Joaquim de Souza e Vilimar Ulrich, o
Chucrute. Cisso frequentava a empresa meio período por dia, conciliando
trabalho e estudos.
Ao mesmo tempo, acompanhava os novos
empreendimentos de seu pai: a FIP – Feira Industrial Permanente –, aberta em 10
de maio de 1991 com 48 lojas, e a FIP Net – primeira empresa de internet grátis
do Brasil, mais tarde adquirida pela UOL.
TEM
QUE TER CAUTELA
– Com a atual situação econômica, hoje o
meu conselho é de cautela – destaca Cisso, ao se referir aos jovens que
pretendem empreender. – É preciso fazer um grande planejamento. Antes de
empreender, analisar bem os cenários político, econômico e jurídico. Juridicamente,
não há segurança hoje.
Quanto aos lucros, aconselha:
– Trabalhar com margens menores, vender
preferencialmente em dinheiro ou em cartão de crédito.
E o principal:
– O planejamento acaba sendo tendencioso
por parte de quem quer empreender, principalmente por causa da grande vontade que
se tem de dar início ao negócio. O jovem empreendedor deve ter em mente que em
tudo o que pretenda fazer deverá procurar identificar os percentuais positivos
– dividir por dois – e negativos – multiplicar por dois. Se ainda assim, ao
final da equação, o resultado for zero a zero ou positivo, invista. Senão,
reveja todo o seu planejamento.
Mas, reforça um conselho fundamental:
– Não desistir! Avaliar os prós e contras,
principalmente se pretende empreender no setor industrial. Tente fazer algo que
possa ganhar dinheiro com sua própria família, evoluir passo a passo, sem
depender de governo. Porque este é um momento de cautela.
Texto: Revista Lions Berço
da Fiação
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