sábado, 11 de abril de 2015

NEWTON PATRÍCIO CRESPI – CISSO


“Tive empresa aos 14 anos!”



Newton Patrício Crespi
Tal qual seu pai, Newton Patrício Crespi começou a trabalhar cedo.
Aos 14 anos, tinha uma empresa – administrada por duas pessoas de confiança de seu pai. A empresa desenvolveu a argamassa Certa, o produto ganhou mercado enquanto o jovem empreendedor crescia e se inteirava de todos os assuntos referentes à produção e comercialização do produto.
O gosto pelo trabalho e o entusiasmo pelo empreendedorismo, Cisso herdou do pai. Osmar Grespi, conhecido como Maru, também começou a trabalhar cedo. De auxiliar do pai João Crespi na marcenaria da família, instalada no bairro Santa Terezinha, passou a ser seu proprietário e administrador quando João morreu.
João Crespi pertencia à terceira geração de uma família europeia de marceneiros e carpinteiros. Uma história que teve início na Itália e que remonta ao período anterior à colonização de Brusque – década de 1860.
Foi para esta cidade que seus antepassados se transferiram ainda no período colonial. Eles formavam um grupo de cinco irmãos, sendo que dois deles rumaram para São Paulo, os outros três para Santa Catarina.
Da noite para o dia, Maru passou a ser o homem da casa e, portanto, teve que auxiliar no sustento da família – formada por sua mãe e dois irmãos menores. O rapaz não esmoreceu, e aos poucos a família foi reequilibrando suas finanças e dando continuidade ao legado de João.
Os primeiros meses foram os mais difíceis.


APRENDENDO COM O PAI

Respondendo pelo sustento da família e pela continuidade do funcionamento da marcenaria, Maru comprava e vendia madeira, produzia esquadrias e móveis, fabricava cozinhas... Em geral, a madeira era procedente das regiões de Botuverá e Vidal Ramos, cidades nas quais a empresa de seu pai também tinha clientes.
Maru cresceu e se casou, sem nunca deixar de empreender.
O pequeno Cisso cresceu tendo como principal referência o seu pai. Um empreendedor que criou uma loja de madeiras e materiais para construção, em Santa Terezinha, que aos poucos se tornou sinônimo de bons negócios.
Mais do que simplesmente vender os produtos que oferecia em sua loja, Maru tirava um tempo também para ouvir o que sua clientela precisava para melhorar as suas condições de trabalho. Os pedreiros, por exemplo, enfrentavam o constante descarte de baldes de alumínio – eles apodreciam facilmente – e dos baldes de plástico – que se rompiam com mais facilidade, em função do peso da massa.
De vendedor a inventor.
Maru criou soluções simples e inteligentes utilizadas até hoje na construção civil e no mobiliário:

– Balde de plástico com alça de ferro para carregar concreto.

– Separador de pisos e azulejos feito de plástico. Até então, pedreiros usavam palitos de fósforo para separá-los, o que não garantia um alinhamento perfeito das peças.

– Caixinha de luz com orelhinha de metal.

– Rejunte colorido, evitando a variação de cor com o uso do pó xadrez.

Demorou pouco para Cisso passar a ser visto com mais frequência na loja de madeiras e materiais para construção. Aos 9 ou 10 anos de idade, passava uma ou duas horas por dia separando tubos e conexões. Foi a maneira que seu pai encontrou para que ele fosse aos poucos se integrando à empresa e conhecendo os produtos e materiais que vendiam.


EMPREENDEDOR AOS 14 ANOS

Aos 14 anos, Cisso era empresário do setor de construção civil. A empresa não estava em seu nome, mas foi ela quem introduziu no mercado a argamassa Certa, no final da década de 1980.
Seu pai contratou duas pessoas para administrar a nova empresa: Maurílio Joaquim de Souza e Vilimar Ulrich, o Chucrute. Cisso frequentava a empresa meio período por dia, conciliando trabalho e estudos.
            Ao mesmo tempo, acompanhava os novos empreendimentos de seu pai: a FIP – Feira Industrial Permanente –, aberta em 10 de maio de 1991 com 48 lojas, e a FIP Net – primeira empresa de internet grátis do Brasil, mais tarde adquirida pela UOL.


TEM QUE TER CAUTELA

– Com a atual situação econômica, hoje o meu conselho é de cautela – destaca Cisso, ao se referir aos jovens que pretendem empreender. – É preciso fazer um grande planejamento. Antes de empreender, analisar bem os cenários político, econômico e jurídico. Juridicamente, não há segurança hoje.
Quanto aos lucros, aconselha:
– Trabalhar com margens menores, vender preferencialmente em dinheiro ou em cartão de crédito.
E o principal:
– O planejamento acaba sendo tendencioso por parte de quem quer empreender, principalmente por causa da grande vontade que se tem de dar início ao negócio. O jovem empreendedor deve ter em mente que em tudo o que pretenda fazer deverá procurar identificar os percentuais positivos – dividir por dois – e negativos – multiplicar por dois. Se ainda assim, ao final da equação, o resultado for zero a zero ou positivo, invista. Senão, reveja todo o seu planejamento.
Mas, reforça um conselho fundamental:

– Não desistir! Avaliar os prós e contras, principalmente se pretende empreender no setor industrial. Tente fazer algo que possa ganhar dinheiro com sua própria família, evoluir passo a passo, sem depender de governo. Porque este é um momento de cautela.

Texto: Revista Lions Berço da Fiação

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