quinta-feira, 14 de maio de 2015

Festival of Media GLOBAL em Roma


Diretor de Mídia, Paulo Stephan, da agencia Brasileira Talent

Reconhecimento por exercer o trabalho de forma profissional é a meta para milhares de pessoas que atuam no ramo da comunicação. Para conseguir esse prestígio, é necessário muito trabalho e persistência. Em um segmento competitivo, se atualizar não é opcional e, sim, uma necessidade. De 10 a 12 de maio ocorreu, no Rome Cavalieri Hotels, o Festival of Media GLOBAL, que reuniu centenas de profissionais que trabalham com mídia do mundo inteiro.
Segundo o diretor geral de mídia da agência brasileira Talent, Paulo Stephan, que foi o jurado brasileiro no Festival, avalia que o evento vem crescendo a cada ano, pois é voltado para o setor de conteúdo para quem faz, distribui e consome mídia.
O Festival of Media está criando sua marca no Brasil, onde Cannes ainda é muito forte, pois tem um capítulo latino americano, baseado em Miami, que vem tendo uma participação expressiva do Brasil, com inscrições de trabalhos para o Prêmio e de delegados assistindo às palestras.
“Estive como jurado em 2013 e como palestrante em 2014, na edição latina, em Miami. Em 2015, em Roma, fui julgar os trabalhos de outros países, principalmente os americanos e europeus. Uma ótima oportunidade de ver como anda o mundo e o que está acontecendo nos mercados mais maduros. Estamos vivendo um momento muito dinâmico e de muitas transformações. É fundamental sempre se atualizar e esquecer um pouco o que você já sabe. O de hoje para amanhã é mais importante. As mudanças que a tecnologia vem trazendo, fazem todos repensar tudo no mundo da comunicação.” – continua Stephan.
Alessandre Siano, que falou com a reportagem de Nova York e representa o evento no Brasil, destacou: “Ocorrem quatro eventos durante o ano, Roma, Miami, Singapura e agora Dubai e a estimativa é de que, em média, 1.200 pessoas participem (por evento)”. Ele disse ainda que “não existia um evento que falasse especificamente de mídia. No ano passado, houve uma grande consolidação do evento em Miami. Em 2014, tivemos 100 brasileiros participando e a expectativa é de 200 agora em 2015”.
Hoje não se tem como desvincular a atividade de publicidade da questão tecnológica, não tem como viver sem essa realidade, pois vivemos um crescimento muito grande dos meios digitais. Hoje a mídia ampliou de forma significativa a possibilidade de alcançar os targets e criar segmentações, para conseguir atingir o consumidor cada vez mais de forma eficiente. “Estamos estudando algumas possibilidades de trazer o Festival of Media GLOBAL para o Brasil, pois existe interesse e espaço para isso.
As mídias do Brasil são de altíssima qualidade, a exemplo da Rede Globo, Editora Abril, SBT (uma das empresas brasileiras que patrocina o evento de Miami), citando alguns dos principais, sem esquecer das nossas agências, que estão entre as mais premiadas do mundo. Acredito que temos mercado sim e estamos estudando a possibilidade de trazermos o Festival of Media GLOBAL o mais breve possível para nosso País” – finaliza Siano.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Padre Antônio Maria celebra missa em Roma

Padre Antônio Maria
Na noite deste Domingo em Roma, dia 12, aconteceu um encontro de Brasileiros. Padre Antônio Maria (TV Aparecida), esteve celebrando a missa na igreja Santa Maria Della Luce, na região do Trastevere. Na ocasião a qual o mesmo celebrou seus 70 anos de vida e 40 anos dedicados ao sacerdócio.

Segundo Padre Antônio foi uma alegria muito grande estar com a comunidade Brasileira e aproveitou a oportunidade para divulgar o seu novo trabalho, lançado na última quinta-feira Santa, dia 9 de Abril. O projeto faz parte do seu 18° CD intitulado "mais perto". “Eu tive a felicidade de estar no Cristo redentor no Rio de Janeiro. Eu sou carioca, mas nunca tinha entrado no Cristo Redentor. São 10 andares, e sai dentro dele. Eu realmente fiquei mais perto de Jesus e foi uma emoção muito grande. O novo CD tem o titulo devido essa experiência e porque desejo que as pessoas possam  escutar o CD, e realmente cheguem mais perto de Deus. É meu desejo como sacerdote” destaca.

Padre Antônio Maria 
Esse ano o mesmo completa 4 décadas de sacerdócio, mas também quarenta como músico “claro que trabalhei em paroquias, exerci o sacerdócio normal no sentido de estar numa paroquia. Depois que comecei a trabalhar mais no sentido de evangelização pelo canto, viajando por todo a o país. Não tem um Estado que eu não conheça. Estive em todos para evangelizar (através do canto)”.  Para ele o brasileiro vive de música, futebol e carnaval. E ele aproveita a música para levar Jesus.
Padre Antônio Maria (TV Aparecida) e Michel Patitucci
Para Antônio Maria conhece muito bem Brusque “eu fico feliz de conversar com Brusque, com a Rádio Cidade, tenho um carinho muito grande porque é Brasil, mas sempre que ouso falar Brusque, lembro-me de padre Léu. Ele me fez conhecer a cidade. Eu fui pela primeira vez levado por padre Léu. Saudoso irmão que sempre tive admiração e tenho na minha lembrança sempre. Conheço muito bem o projeto Bethânia é um lugar de descanso, para tantas almas que estão caçadas e atribuladas” finaliza. 

sábado, 11 de abril de 2015

RITA CÁSSIA CONTI


“O exemplo veio de casa”




Rita Cássia Conti
Para Rita Cássia Conti – que veio do Rio Grande do Sul para participar do desenvolvimento de Brusque na década de 1990 – o sucesso de um empreendimento é a junção de dois elementos fundamentais: o estudo e a prática.
– Um empreendedor tem que ter mente aberta para trabalhar com as adversidades e fazer com que a empresa evolua. O suporte intelectual ajuda muito!
Ela trata deste tema com propriedade porque foi assim a sua trajetória profissional. Nascida de uma família humilde estabelecida em Canoas, então uma cidade-dormitório da região metropolitana de Porto Alegre –, filha de pai operário, motorista de caminhão que fazia a distribuição de produtos secos e molhados, e de mãe professora alfabetizadora, apaixonada pela profissão.
Quando ela nasceu, o casal passava por muitas dificuldades financeiras.
Rita deixou a casa dos pais aos 15 anos e foi para Porto Alegre trabalhar e estudar. De casa, ela levou a maior das lições:
– Meu pai nos ensinou a generosidade!
Estudava marketing na PUC – Pontifícia Universidade Católica – e trabalhava para pagar seus estudos. O dinheiro nem sempre era suficiente para custear a faculdade, e para chegar era preciso pegar quatro ônibus. A solução encontrada foi procurar ter uma renda extra, fazendo pão de queijo e brigadeiro para vender.


DE PUBLICITÁRIA A VENDEDORA

Rita Cássia foi contratada para implantar o departamento de publicidade e propaganda na empresa Calçados Bibi. Mas, a crise econômica do final da década de 1980 e o consequente confisco por parte do governo federal, obrigou a empresa a tomar decisões drásticas. Foram demitidos 1,5 mil funcionários, e o departamento de publicidade e propaganda foi fechado.
Ao mesmo tempo, Rita Cássia foi convidada a integrar o departamento de vendas, o que trouxe a ela a independência financeira tão sonhada. Trouxe para o setor de vendas as ideias que tinha no departamento de publicidade e propaganda para ajudar a gerar mais negócios.
Funcionou!
Passou a gerenciar 72 representantes, o que a levou a viajar por todo o país. Mas, ela queria fazer ainda mais, teve a oportunidade de representar a empresa em todo o Rio Grande do Sul. No segundo mês, comprou seu primeiro carro zero quilômetro!
Porém, sabia que poderia fazer ainda mais coisas!
Comprou uma loja em Porto Alegre, que vendia pijamas e lingerie. O empreendimento não deu certo porque ela estava trabalhando em uma área desconhecida: a venda no varejo.


UM DIA, BRUSQUE!

Sem capital de giro, precisou tomar decisões estratégicas.
Foi quando ouviu falar das empresas que trabalhavam com pronta entrega de confecções em Brusque – cujas alternativas certamente ficariam bem nas prateleiras de sua loja.
– Vim e achei que a cidade tinha um potencial muito bacana, tinha produtos de qualidade...
Ela sempre disse que jamais teria uma fábrica!
No entanto, depois da visita a Brusque, começou a rever alguns conceitos... Concluiu que, caso fosse focar sua atividade no setor têxtil, teria que se transferir para Brusque.
Aos poucos, a ideia foi amadurecendo.
Era preciso vender a loja, antes de se transferir.
Assim, permaneceu algum tempo fazendo a ligação entre Porto Alegre e Brusque. Rodava 1,2 mil quilômetros semanalmente, na companhia de sua cachorrinha Bani, com quem ia conversando durante o trajeto. Este era seu compromisso profissional, uma vez por semana.
– Meu espírito aventureiro veio comigo para meu empreendimento.


A TRANSFERÊNCIA PARA BRUSQUE

Ao se transferir para Brusque, implantou na cidade a marca Intimamente, especializada na produção de pijamas. Do Rio Grande do Sul, importou a mão de obra de dois irmãos, Patrícia e Jeferson. Sua participação nesta empresa terminou quando também terminou seu casamento.
Depois da separação, começou tudo de novo:
– Pensei empreender em outras áreas. Mas durante dois meses recebi vários telefonemas de clientes pedindo que eu criasse novas linhas de pijamas... Foi quando decidi montar a Mensageiro dos Sonhos.
Porém, antes de empreender, ela decidiu planejar cada passo, definir cada meta... Três meses depois das definições tomadas, a empresa Renner fez uma encomenda de 600 peças, que foram vendidas em três dias! Depois, vieram outros pedidos da mesma empresa, cada vez maiores: 6 mil, 12 mil, 22 mil peças... até as mais de 200 mil peças/mês produzidas atualmente em sua fábrica.

E a história continua, em ritmo acelerado – até hoje!

Texto: Revista Lions Berço da Fiação

NEWTON PATRÍCIO CRESPI – CISSO


“Tive empresa aos 14 anos!”



Newton Patrício Crespi
Tal qual seu pai, Newton Patrício Crespi começou a trabalhar cedo.
Aos 14 anos, tinha uma empresa – administrada por duas pessoas de confiança de seu pai. A empresa desenvolveu a argamassa Certa, o produto ganhou mercado enquanto o jovem empreendedor crescia e se inteirava de todos os assuntos referentes à produção e comercialização do produto.
O gosto pelo trabalho e o entusiasmo pelo empreendedorismo, Cisso herdou do pai. Osmar Grespi, conhecido como Maru, também começou a trabalhar cedo. De auxiliar do pai João Crespi na marcenaria da família, instalada no bairro Santa Terezinha, passou a ser seu proprietário e administrador quando João morreu.
João Crespi pertencia à terceira geração de uma família europeia de marceneiros e carpinteiros. Uma história que teve início na Itália e que remonta ao período anterior à colonização de Brusque – década de 1860.
Foi para esta cidade que seus antepassados se transferiram ainda no período colonial. Eles formavam um grupo de cinco irmãos, sendo que dois deles rumaram para São Paulo, os outros três para Santa Catarina.
Da noite para o dia, Maru passou a ser o homem da casa e, portanto, teve que auxiliar no sustento da família – formada por sua mãe e dois irmãos menores. O rapaz não esmoreceu, e aos poucos a família foi reequilibrando suas finanças e dando continuidade ao legado de João.
Os primeiros meses foram os mais difíceis.


APRENDENDO COM O PAI

Respondendo pelo sustento da família e pela continuidade do funcionamento da marcenaria, Maru comprava e vendia madeira, produzia esquadrias e móveis, fabricava cozinhas... Em geral, a madeira era procedente das regiões de Botuverá e Vidal Ramos, cidades nas quais a empresa de seu pai também tinha clientes.
Maru cresceu e se casou, sem nunca deixar de empreender.
O pequeno Cisso cresceu tendo como principal referência o seu pai. Um empreendedor que criou uma loja de madeiras e materiais para construção, em Santa Terezinha, que aos poucos se tornou sinônimo de bons negócios.
Mais do que simplesmente vender os produtos que oferecia em sua loja, Maru tirava um tempo também para ouvir o que sua clientela precisava para melhorar as suas condições de trabalho. Os pedreiros, por exemplo, enfrentavam o constante descarte de baldes de alumínio – eles apodreciam facilmente – e dos baldes de plástico – que se rompiam com mais facilidade, em função do peso da massa.
De vendedor a inventor.
Maru criou soluções simples e inteligentes utilizadas até hoje na construção civil e no mobiliário:

– Balde de plástico com alça de ferro para carregar concreto.

– Separador de pisos e azulejos feito de plástico. Até então, pedreiros usavam palitos de fósforo para separá-los, o que não garantia um alinhamento perfeito das peças.

– Caixinha de luz com orelhinha de metal.

– Rejunte colorido, evitando a variação de cor com o uso do pó xadrez.

Demorou pouco para Cisso passar a ser visto com mais frequência na loja de madeiras e materiais para construção. Aos 9 ou 10 anos de idade, passava uma ou duas horas por dia separando tubos e conexões. Foi a maneira que seu pai encontrou para que ele fosse aos poucos se integrando à empresa e conhecendo os produtos e materiais que vendiam.


EMPREENDEDOR AOS 14 ANOS

Aos 14 anos, Cisso era empresário do setor de construção civil. A empresa não estava em seu nome, mas foi ela quem introduziu no mercado a argamassa Certa, no final da década de 1980.
Seu pai contratou duas pessoas para administrar a nova empresa: Maurílio Joaquim de Souza e Vilimar Ulrich, o Chucrute. Cisso frequentava a empresa meio período por dia, conciliando trabalho e estudos.
            Ao mesmo tempo, acompanhava os novos empreendimentos de seu pai: a FIP – Feira Industrial Permanente –, aberta em 10 de maio de 1991 com 48 lojas, e a FIP Net – primeira empresa de internet grátis do Brasil, mais tarde adquirida pela UOL.


TEM QUE TER CAUTELA

– Com a atual situação econômica, hoje o meu conselho é de cautela – destaca Cisso, ao se referir aos jovens que pretendem empreender. – É preciso fazer um grande planejamento. Antes de empreender, analisar bem os cenários político, econômico e jurídico. Juridicamente, não há segurança hoje.
Quanto aos lucros, aconselha:
– Trabalhar com margens menores, vender preferencialmente em dinheiro ou em cartão de crédito.
E o principal:
– O planejamento acaba sendo tendencioso por parte de quem quer empreender, principalmente por causa da grande vontade que se tem de dar início ao negócio. O jovem empreendedor deve ter em mente que em tudo o que pretenda fazer deverá procurar identificar os percentuais positivos – dividir por dois – e negativos – multiplicar por dois. Se ainda assim, ao final da equação, o resultado for zero a zero ou positivo, invista. Senão, reveja todo o seu planejamento.
Mas, reforça um conselho fundamental:

– Não desistir! Avaliar os prós e contras, principalmente se pretende empreender no setor industrial. Tente fazer algo que possa ganhar dinheiro com sua própria família, evoluir passo a passo, sem depender de governo. Porque este é um momento de cautela.

Texto: Revista Lions Berço da Fiação

LUCIANO HANG


“Tudo é possível”



Luciano Hang
Brusque, 1972.
O menino calça seus sapatos para ir à escola. Percebe um desconforto no solado de um deles, retira o calçado... e descobre que a sola está furada. Se tiver sorte, não vai chover. Se chover ou pisar em poça d’água, vai passar as aulas com o pé molhado...
A solução seria mais simples, caso tivesse um segundo par de sapatos. Sem esta alternativa, só resta ao menino colocar em prática um plano B: forrar o sapato com pedaço de papelão ou de jornal, e seguir em frente, antes que deem o sinal para o início das aulas!
Ele segue seu caminho rumo à Escola Básica João XXIII. Na hora do recreio, assim como seus colegas, sente vontade de comprar alguma coisa que incremente seu lanche.
Mas, não existe cantina na escola, e nem alg-...
Ei, espere aí! Não existe cantina na escola ainda, mas pode passar a existir, certo?
A partir desta reflexão, Luciano Hang – então com nove anos de idade, tem uma ideia que irá marcar o início de suas atividades como empreendedor! Ele recebe permissão da escola e, ajeitando duas ou três carteiras aqui e ali, dá início ao embrião da futura cantina.
No início, vende apenas produtos de primeira necessidade para os colegas – wafer e balas! Estes produtos cobiçados pela garotada são comprados por ele na empresa Café Érico em caixas e em pacotes, e são vendidos aos estudantes e professores a granel.
A iniciativa prospera.
A clientela cresce mais e mais, a cada intervalo das aulas...
Duas ou três semanas depois, Luciano já não precisa mais se deslocar até o centro da cidade para buscar a mercadoria – não senhor! A kombi da empresa estaciona diante da escola e descarrega a mercadoria! A cantina passa a ter um estoque sortido e variado, ao gosto da clientela!


ENQUANTO ISSO, NO TELHADO
DA IGREJA MATRIZ...

Enquanto isso, no centro da cidade, o fotógrafo Erico Zendron sobe até o telhado da Igreja Matriz de São Luiz Gonzaga para captar vistas aéreas do centro urbano. Ele aponta sua lente para a praça Barão de Schneeburg, logo abaixo dos seus pés. Pela avenida Cônsul Carlos Renaux – pavimentada com paralelepípedos – desfilam poucos carros: Fusca, Jeep, Variant, Rural...
Por cima da Loja Krieger, é possível avistar a rodovia Antônio Heil – a ser inaugurada em 1974. Há poucos veículos transitando. Entre a Krieger e a rodovia, há uma ampla pastagem sobre a qual, alguns anos mais tarde serão construídas as avenida beira-rio, prédios comerciais, edifícios residenciais, rodoviária, pavilhão de eventos, hotéis...
Assim como novos empreendimentos e edificações surgiram naquele período, ícones do patrimônio arquitetônico desapareceram... A economia – que tinha na indústria têxtil a sua base e na qual trabalhavam os pais do menino Luciano – também mudou.
E mudou muito!


BRUSQUE É UMA CIDADE
DE EMPREENDEDORES

Luciano Hang foi além da implantação de uma cantina.
Na mesma escola, foi líder de classe e presidente do Grêmio Estudantil, e um dia assumiu a presidência do CEUB – Clube dos Estudantes Universitários de Brusque. O prefeito José Celso Bonatelli ouviu suas reivindicações e a partir de então os universitários de Brusque tiveram direito ao transporte gratuito até a faculdade, em Itajaí.
O menino que criou a cantina da escola entrou para o rol de empreendedores de Brusque. Foi vendedor de carros e de tecidos antes de comprar a Tecelagem Santa Cruz, no início da década de 1980. Encontrou novamente no prefeito Bonatelli o apoio que precisava para ampliar o parque fabril. Recebeu como incentivo a terraplanagem para a construção de um galpão de 7 mil metros quadrados, abrigando 60 teares.
Luciano estava então com 21 anos de idade.


EMPREENDER SE APRENDE NA PRÁTICA!

Aprendeu na prática que Brusque é uma cidade de empreendedores e que a estes empreendedores sua terra natal deve o seu desenvolvimento. Isso há muito, muito tempo atrás... Desde que (o futuro) cônsul Carlos Renaux abriu sua venda no século XIX...
Algumas cidades não têm vocação para empreender – ou aparentam não ter – até que alguém toma a iniciativa de criar um produto, uma técnica ou uma fórmula para se desenvolver. Carlos Renaux, que trouxe a indústria têxtil para a cidade, foi admirado e imitado, e outras indústrias similares foram criadas, ampliando a absorção da mão-de-obra têxtil.
Depois do setor têxtil, desenvolveu-se o setor de malharia. Iniciativas como as do empreendedor Ciro Roza foram imitadas, e na década de 1980 – principalmente depois da enchente de 1984 – Brusque passou a ter um outro perfil econômico.
Um dia, Luciano Hang criou a empresa que o tornou conhecido dentro e fora de Santa Catarina: Havan. O setor têxtil começou a decair – os setores de malha, tinturaria e metalurgia a crescer.
Na mesma década – 1980 – o empresário Ciro Marcial Roza estimulou na cidade o crescimento de um polo de malharias. Ele vendia malha e estimulava os confeccionistas a produzir.
A rua Azambuja se tornou um grande polo de confecção a pronta entrega. Caravanas de compradores foram organizadas e vinham a Brusque comprar a produção local. Em alguns anos, a rua Azambuja expandiu o volume de negócios, diversificou a produção e se transformou em um shopping a céu aberto.
Para Luciano Hang a resposta estava na fé! Era preciso acreditar no empreendimento que estava sendo criado. Tivesse ele nascido ou não em Brusque, estudado em escola pública ou particular... Importava apenas a sua força de vontade e sua determinação em alcançar os objetivos por ele traçados.
Existe uma fórmula para o sucesso?
Luciano não fala em fórmula, fala em foco – Acreditar nos sonhos e trabalhar!
Acredita que hoje seja possível realizar muito mais sonhos do que na época na qual começou. Admira os jovens que começam cedo, acredita ser esta uma das boas características dos empreendedores de Brusque.
O brusquense é um povo que acredita no seu potencial, que através de seu empenho na concretização dos projetos, passa a incentivar outras pessoas a empreender. Um exemplo é o grande número de empresas de pequeno e médio porte instaladas no município.
É preciso acreditar nos sonhos e perseverar.
As coisas são fáceis de realizar.
A alternativa é uma só: tentar, tentar até encontrar o próprio caminho!
Esta foi uma das lições que ele aprendeu em casa. Principalmente a cuidar do dinheiro e a ser correto. O segredo está em conseguir conciliar o pouco que se tem com o muito que se possa fazer.
Esperar ter muito para então fazer alguma coisa é perda de tempo. É preciso ganhar dinheiro e fazer investimento. Amar o que se faz. Fazer um plano de negócios e seguir com suas metas.

Tudo é possível.

Texto: Revista Lions Berço da Fiação

IVO HEINIG


“Trabalho não mata ninguém”



Ivo Heinig
As mais remotas lembranças que Ivo Heinig guardou da infância e adolescência estão relacionadas ao trabalho. Aliás, ele nasceu no Dia do Trabalho de 1929. Primeiro filho de Leonora e Osvaldo Max Heinig, Ivo cresceu como colaborador e testemunha do desenvolvimento da empresa de seu pai, a Cerâmica Heinig – na época chamada simplesmente de olaria.
A olaria que Osvaldo comprou da família de Jacinto Duarte em 1929 já fabricava tijolos no mesmo endereço no qual permanece até hoje: em Batêas, às margens da rodovia Ivo Silveira, que liga Brusque a Gaspar.
A olaria dos Duarte era tocada por dois filhos de Jacinto. Para amassar o barro, empregavam a força dos bois. Era dado à natureza o tempo que precisava para se encarregar de dar ao produto a consistência necessária. Foi neste cenário que o menino Ivo cresceu ao lado dos cinco irmãos e colaborou para o sustento da jovem família Heinig.
Aos sete anos, Ivo entrou para a escola. A primeira sala de aula que frequentou ficava a seis quilômetros de casa, no centro urbano de Brusque, município que naquela época era muito maior! Do território de Brusque faziam parte os atuais municípios de Vidal Ramos, Presidente Nereu, Botuverá e Guabiruba, emancipados a partir de 1956.
O trajeto de casa para a escola e da escola para casa era cumprido a pé, sob chuva, geada ou sol por uma hora e meia. A estrada era de terra e cheia de curvas. Hoje, seu traçado é coberto em parte pelo asfalto.
Mas, do que ele gostava mesmo era de participar das atividades na olaria, ao lado do pai. Ao retornar da escola, tinha pressa em saborear o prato preparado por dona Leonora, e ia se juntar ao pai nas entregas de carroçadas e mais carroçadas de tijolos.




AS CRIANÇAS PARTICIPAVAM
DO TRABALHO NA EMPRESA FAMILIAR

Aos nove ou dez anos de idade, já era boleeiro ou condutor de carroça. Quando era preciso entregar os pedidos maiores, ele e seu pai seguiam para o endereço do cliente com duas carroças: ele era o boleeiro da segunda carga, seguindo a carroça conduzida por seu pai. Fazer aquele trabalho era um orgulho para os dois!
Nos períodos de geada forte que cobria de branco a estrada tortuosa e a pastagem abundante, os trabalhadores trajavam ponche. O frio era cortante e o trajeto parecia ainda mais longo. O trabalho começava cedo, e só terminava sob a escuridão das noites que no interior eram mais silenciosas.
A família inteira se empenhava na produção dos tijolos: Osvaldo, Leonora e seus filhos, incluindo as meninas, principalmente no período de grandes fornadas! O forno era aberto, tinha quatro paredes e o fogo era aceso embaixo. Dona Leonora trabalhava na olaria no período da manhã, carregando o barro. Depois do almoço que ela preparava, retornava para ajudar no corte dos tijolos.
– Trabalho não mata ninguém! – afirma Ivo Heinig, que mantém vivas na memória as lembranças daqueles dias distantes. – Minha mãe trabalhou muito, morreu aos 92 anos.
A olaria dos Heinig foi crescendo e contratando mão de obra da vizinhança. Teve períodos nos quais contou com meia-dúzia de operários. Em outras épocas, de maior produtividade, abrigou oito trabalhadores.
– Trabalho sempre se arrumava aos montes, sempre tínhamos muito a fazer – contou Ivo. – Não era só o trabalho na olaria. Tinha que cortar trato para os cavalos, cuidar deles...
A produção aumentou, os meninos e as meninas cresceram. Brusque aos poucos conheceu a modernidade. A pequena vila de operários têxteis ganhou status de cidade desenvolvida e de progresso.


ENTRE A CERÂMICA E A BUSCA
POR NOVAS OPORTUNIDADES

Aos poucos, a vida de Ivo Heinig começou a mudar...
            Seu pai já demonstrava cansaço para continuar tocando a cerâmica. Sinal de que era a hora de Ivo – como filho mais velho – assumir os negócios da família.
Porém, Ivo queria uma oportunidade para – pelo menos tentar – mudar um pouco sua história de vida. Casou com Paula da Silva e decidiu empreender em outra área. Montou uma venda – um comércio de secos e molhados, como se dizia naqueles tempos. Ivo preferia chamar de boteco, e depois de um ano e meio convenceu-se de que deveria retornar para a empresa da família.
– Naquela época, tínhamos comprado um caminhão, o que facilitava o transporte da produção – lembrou, referindo-se a um Ford 1946 que, pouco mais tarde, foi trocado por um Chevrolet Brasil, no início da década de 1950.
Na mesma década, investiu em uma serraria, que funcionou por cerca de quatro anos. Só parou quando uma tora que rolou barranco abaixo quebrou sua perna. A solução para seguir a vida estava de novo na olaria, cuja produção cresceu. O que deu a Ivo Heinig estímulo para investir em mão de obra e na construção de algumas casas para os trabalhadores.
Por alguns anos, enquanto a produção de tijolos seguia em bom ritmo, Ivo trabalhou com um de seus tios transportando arroz de caminhão para abastecer algumas cidades paranaenses, no fim da década de 1950 e início da década de 1960.
A pequena olaria se transformou em uma cerâmica com grande capacidade de produção. Foi um período no qual passou a contar com a força de um motor a óleo diesel. Iniciou a produção de tijolos furados no final da década de 1960, com a compra de uma máquina em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Uma longa viagem de ônibus que o encorajou a fazer empréstimo junto ao Banco do Brasil para incrementar a produção.
A implantação da rede de energia elétrica nas comunidades do interior de Brusque, deu novo impulso à indústria familiar. Resultados estimulantes começaram a aparecer também para os Heinig!


CHEGOU O DIA EM QUE
A EMPRESA MUDOU DE MÃOS

O crescimento da empresa e as transformações pelas quais ela passou nos últimos trinta anos, deixam Ivo Heinig otimista quanto ao futuro. Assim como um dia aconteceu com seu pai, Ivo decidiu que era hora de passar o comando da empresa para Ivo Heinig Junior – o Ivinho.
Era meados da década de 1980, a Cerâmica Heinig operava com 11 fornos antigos. Ivinho propôs ao pai a substituição destes por fornos em túnel. Era inovar ou parar, na sua opinião. Foi quando seu pai deu a ele autonomia para dar início às transformações que conduziram os destinos da empresa até os dias atuais.
Até que em 2008, em função de uma catástrofe que marcou a história dos municípios do Vale do Itajaí-Mirim, o novo administrador da cerâmica se viu obrigado a rever os planos de expansão da empresa e redirecionar o foco de sua produção. Foi deflagrada a busca por uma novidade, por um produto que agregasse valor à produção...
Enquanto isso, as jazidas de matéria-prima que durante décadas serviam à cerâmica, deixaram de ser acessadas por causa da catástrofe. Por pouco, a empresa não parou sua produção e nem encerrou suas atividades, com o início de uma das maiores crises no setor. Outras empresas similares de Brusque e região haviam fechado suas portas. Restaram apenas os Heinig em Brusque e os Westarb em Guabiruba.
O crescimento vertiginoso da construção civil estimulou a construção de galpões em grande número. O que aqueceu o mercado cerâmico, até que passaram a substituí-los por paredes pré-moldadas. O sinal de alerta foi acionado de novo, era chegada a hora de repensar o futuro na empresa dos Heinig.
Uma história de oito décadas precisava ser mantida, um empreendimento precisava ser revitalizado! Começou a busca por uma alternativa que permitisse a continuidade da produção e – se possível! – exigisse menores investimentos em equipamentos, matéria prima, menos funcionários, menos caminhões rodando...


O CAMINHO QUE LEVA AO FUTURO
FAZ O RETORNO AO PASSADO

Teve início um novo tempo de transformações na história desta família empreendedora. Oitenta e cinco anos depois que Osvaldo Heinig deu início à produção do primeiro tijolo na sua olaria, a Cerâmica Heinig – embora apostando em novos produtos e vislumbrando mercado promissor em um futuro próximo – empreendeu uma corajosa viagem de volta às suas origens e ao tempo da produção artesanal.
Está aos poucos maturando a ideia em deixar de produzir tijolos furados para apostar na produção de revestimento cerâmico. A inovação que Ivinho buscava para a empresa de seu avô e de seu pai, chegou a poucos meses, resultado de parceria com uma empresa Italiana que já atuava no mercado brasileiro. Suas máquinas, instaladas em Brusque estão em fase de testes para a fabricação de artigos que representam a inovação sonhada pelo empresário.
A cerâmica vermelha – aquela tradicional, produtora de tijolos maciços ou furados –, na visão dos Heinig, é hoje um setor que vende um produto que, embora essencial para o setor da construção civil, é vendido a baixo valor enquanto a sua produção exige investimentos elevados e convive com questões de ordem ambiental.
A produção com tecnologia italiana vai levar a empresa Heinig a atuar em parceria com construtores, engenheiros e arquitetos que não precisarão mais encomendar tijolos em milheiros, mas comprar revestimentos cerâmicos por metro quadrado para utilizar no acabamento de suas obras de arte. Sua produção vai ditar moda no setor da construção civil!

Texto: Revista Lions Berço da Fiação

INGO FISCHER


“Não rejeitava serviço”

 
Ingo Fischer
O primeiro dia foi marcado por expectativa. A rua praticamente vazia, passava um automóvel, um caminhão, um carro de mola – a primeira versão dos carros de praça, os taxis de hoje em dia... Algumas pessoas caminhando, alguns ciclistas pedalando na cadência que os levava ao trabalho.
O rapaz sentado à porta da oficina acompanhava tudo, em sua espera.
O segundo dia foi marcado por uma expectativa ainda maior! A rua continuava com o movimento costumeiro. O rapaz sentado à porta da oficina, começou a se perguntar quanto tempo ainda teria que esperar por uma visita. A freguesia não apareceu, e o segundo dia de expediente foi encerrado ao fechar a porta, naquele fim de tarde.
O terceiro dia de espera estava angustiante para o jovem empreendedor. Até que, finalmente, um homem que ele via passar diante da loja todos os dias, a caminho do bar no qual tomaria seu aperitivo antes do almoço, decidiu parar. Parar para conversar – uma conversa que lhe trouxe a oportunidade que esperava!
Era Willy Korman, ele chegou acompanhado por alguns cães que o seguiam para todos os lados que ia. Ele se sentou ao lado do rapaz e uma longa conversa teve início. O homem queria saber o que aquele jovem estava fazendo, todos os dias, sentado diante das portas abertas de uma ampla sala vazia, o olhar parecendo procurar alguém que estivesse para chegar...
Foi quando Ingo Fischer conheceu seu primeiro cliente na oficina de conserto de bicicletas que estava implantando aos 17 anos de idade. O ofício ele aprendera em outra oficina, onde foi trabalhar aos 14 anos para ajudar o sustento de sua família – formada por pai, mãe e outros oito filhos, que moravam em uma colônia na rua São Pedro.

UMA VIDA DIVIDIDA ENTRE
A ESCOLA, A ROÇA E A FÁBRICA

Aos 14 anos, ele se juntara aos irmãos mais velhos e a outros jovens operários da Buettner S/A, uma das maiores indústrias têxteis de Brusque. Acordava cedo e cumpria o expediente das 5 horas da manhã até a 1 hora e meia da tarde. Seus pais não tinham salário – arrecadavam o que a roça rendia. O que não era muito, mas ajudava, considerando que a retirada de lenha no mato garantia o pagamento do estudo para os filhos.
Os irmãos Fischer frequentavam as aulas no Colégio Santo Antônio – hoje São Luiz –, administrado pelas freiras. A mensalidade era paga com o fornecimento de carroçadas de lenha, matéria-prima que as religiosas usavam para manter aceso o fogão do internato.
Cada carroçada de lenha valia 500 réis, naqueles tempos do tostão furado. Ingo ajudava na retirada da lenha no mato, cortava em pedaços que mediam mais ou menos 40 centímetros, o que rendia um empilhamento uniforme. Este serviço era feito nos dias de chuva. Em dia de sol, não tinha conversa: todo mundo ia para a roça!
Mas, Ingo não se adaptou ao trabalho na fábrica... Três meses depois, ele procurou outro caminho, e chegou à oficina de bicicletas de Arlindo Baron, na subida da rua Alberto Torres. Baron, que estava precisando de um ajudante, o contratou na hora!
A partir daquele dia, a vida do garoto começou a mudar. Ele encontrara, afinal, um ofício do qual gostava! E todos os dias, no horário comercial, cumpria expediente na oficina – e a cada dia que passava aprendia algo novo sobre a arte de consertar bicicletas!
Rapidamente, a profissão deixou de ter segredos para ele. Passados pouco mais de dois anos, não havia mais nada a aprender. Foi então que ele decidiu empreender!
Era 1961. Ele saiu às ruas em busca de um lugar para instalar sua oficina de bicicletas. Na casa de Arnaldo Malossi, no número 326 da rua Barão do Rio Branco, estava a resposta: uma sala medindo mais ou menos 60 metros quadrados – mais do suficiente para dar início ao seu empreendimento.
Não tinhas muitas ferramentas – eram produtos caros para se comprar, naqueles tempos. Não tinha dinheiro para mandar fazer uma placa acima da porta, nem para anunciar na imprensa local – nem tinha tantos jornais assim em circulação na praça.


ENFIM, O PRIMEIRO CLIENTE
FOI ATENDIDO!

Na verdade, ninguém sabia que a sua oficina estava ali.
Até que Willy Korman parou para conversar!
Naquele mesmo dia, às 4 horas da tarde, Korman retornou à oficina com um carrinho de mão – aqueles de madeira, com roda grande! – e dentro dele uma bicicleta antiga, enferrujada e desmontada. Era uma relíquia para o jovem empreendedor, uma bicicleta Dürkopp!
Fischer ficou entusiasmado por, finalmente, ter o que fazer em sua oficina! Aliás, aquela Dürkopp daria a ele muito o que fazer nos próximos dois dias! Lixou, recuperou, engraxou, pintou...
Willy quase teve um troço quando viu o serviço concluído:
– Essa não é a minha bicicleta!
Ingo sorriu diante da satisfação do primeiro cliente de sua loja. Korman pagou com gosto pelo serviço, e foi embora feliz da vida – sua velha bicicleta restaurada cheirava à nova!
A partir daquele dia, nunca mais faltou serviço na oficina de bicicletas de Ingo Fischer! Vieram clientes da Limeira, de Santa Terezinha... Teve um dia em que começou a faltar espaço dentro da oficina, e para poder fazer os reparos e as pinturas, algumas bicicletas tiveram que ir para a calçada, na frente da loja.
Era o sinal de que sua oficina se tornara referência na cidade.
Em novembro de 1961, a enchente atrapalhou os negócios do jovem empreendedor. Aliás, atrapalhou a vida da cidade, que ficou 90% submersa depois de três dias de chuvas torrenciais.
No interior da oficina, a marca da água atingiu 1 metro e 20 centímetros. Tudo o que havia dentro dela, a correnteza levou embora. Só não perdeu o compressor de pintura porque um primo de Ingo, que trabalhava em uma padaria defronte a oficina, agiu rápido: arrombou a porta da loja e ergueu o compressor até a bancada na qual ele trabalhava.
Teve que começar tudo de novo. Antes disso, recuperar e restaurar as bicicletas que a água carregou, entregando-as aos seus proprietários.


UMA NOVIDADE CHAMADA INOX,
UM IRMÃO CHAMADO NIVERT

Um novo tempo começou para Ingo Fischer, em 1965.
Em meados daquele ano, seu irmão Nivert trabalhava para a empresa de Valdemar Becker consertando geladeira, máquinas de lavar, balcões frigoríficos... Embora atuando em um ramo diferente, Nivert propôs ao irmão trabalhar ao lado dele, depois do seu expediente na empresa do Becker, no conserto de máquinas. Para isso, precisaria abrir um espaço no interior de sua oficina de bicicletas.
Proposta feita, desafio aceito, começaram a trabalhar juntos.
Logo o espaço ficou interno ficou apertado. A solução foi construir um puxado nos fundos. Com o espaço ampliado, o volume de serviços começou a crescer, especialmente nos anos de 1966 e 1967.
Até que um dia, os irmãos Fischer receberam uma visita que mudou sua vida e impulsionou o empreendimento que hoje tem nome respeitado em todo o território nacional: Irmãos Fischer S/A.
Um agente do setor de higiene publica de Santa Catarina apareceu na oficina e, vendo que trabalhavam com aço inoxidável, perguntou se poderiam fazer mesas com tampo revestido de inox para manipulação de pescados. Até naquele tempo, indústrias do setor pesqueiro trabalhavam com mesas de tampos de granito ou de madeira, a higiene pública queria mudar aquele cenário.
Ingo e Nivert viram fotografias que o visitante trouxe da Alemanha com alguns modelos do que precisava produzir, e os irmãos responderam que seria possível, sim! A partir de então, começaram a atender a uma demanda de serviços cada vez maior para a indústria pesqueira.


COM AS BÊNÇÃOS DO PADRE KLEINE

Ingo tinha uma pequena nota de serviços para cobrar do Hospital de Azambuja, na época administrado pelo padre Guilherme Kleine – referente ao conserto de alguns baldes. Durante a cobrança, ele perguntou ao padre se este poderia lhe fazer um favor. Era preciso comprar uma grande quantidade de chapas de aço inoxidável para conseguir atender à demanda, mas os irmãos Fischer não tinham dinheiro e nem crédito para fazer o volume de compras necessário!
Padre Kleine autorizou que os irmãos Fischer fizessem a compra em nome do Seminário de Azambuja. Quando a encomenda chegava, ele entrava em contato com os Fischer e estes vinham busca-la no Seminário. Assim funcionou por um ano!
Um volume cada vez maior de chapas se fazia necessário comprar. Porque em 1968 a SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento da Pesca), autarquia vinculada ao Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, determinou que todas as indústrias de pesca do país tinham que trabalhar sobre aço inoxidável!
Em função disso, o Seminário de Azambuja providenciou – ou melhor, os irmãos Fischer! – um grande volume de compras, o que despertou a atenção do fabricante. Um dia, o fabricante apareceu no endereço que constava da nova fiscal, e no Seminário de Azambuja foi recebido pelo padre Kleine. De lá, ele se dirigiu à rua Barão do Rio Branco, onde conheceu seus verdadeiros clientes, Ingo e Nivert Fischer – para os quais abriu um cadastro e lhes ofereceu a oportunidade que tanto esperavam!

Texto: Revista Lions Berço da Fiação